O CENTRAL BRASILEIRO NÃO CONVENCEU
David Luiz é um caso de amor para os adeptos do Benfica. Chegou à Luz muito novo e com pouca experiência, apesar de já então alinhar nos escalões jovens da selecção brasileira.
O Benfica não é o clube ideal para um jovem “se fazer”, para ganhar experiência. Se o clube está a necessitar do jogador no lugar exige logo dele tanto quanto de um jogador experiente.
David Luiz teve a sorte de chegar à Luz quando Fernando Santos, actual seleccionador da Grécia, era treinador do Benfica. Fernando Santos é um homem sério, bem formado, que exige dos jogadores, mas respeita-os.
David Luiz teve algum tempo para se adaptar. Quis, porém, o destino que em Paris, no Parque do Príncipes, contra o PSG, um dos centrais titulares do Benfica, salvo erro Luisão, se tivesse lesionado no decorrer do jogo, tendo David Luiz entrado a frio para o substituir. Além de entrar a frio, por iniciativa dele ou do colega do centro da defesa passou a ocupar um lugar diferente daquele que o treinador lhe tinha destinado. Enfim, logo nas primeiras jogadas com David Luiz em campo, o PSG marcou e empatou. David Luiz falhou a intercepção no centro remate de Pauleta.
O PSG acabaria por voltar a marcar no primeiro tempo, por Kalu, e David Luiz na segunda parte esteve à beira de empatar com um excelente golpe de cabeça.
Apesar de uma má estreia, os adeptos do Benfica gostaram do “miúdo”. Mais tarde David Luiz acabou por ganhar a titularidade. Na época seguinte, Fernado Santos foi despedido ao segundo ou terceiro jogo. Veio Camacho e David Luiz lesionou-se. Esteve parado muito tempo, cerca de um ano. E o Benfica fez uma época para esquecer sem que haja qualquer correlação entre as duas situações. Regressou com Quique Flores, que o pôs a jogar a lateral esquerdo. Não era claramente o lugar dele, mas ia cumprindo sempre com abnegação. E lá foi fazendo a época.
Até que chegou Jorge Jesus e com ele aquele futebol loucamente atacante que o Benfica jogou na época 2009/2010. Aquele futebol que entusiasmava dezenas de milhares de adeptos que durante todo o campeonato apoiaram a equipa em todos os campos do país. David Luiz, cumprindo com classe o seu papel na defesa, integrava-se frequentemente nessa loucura atacante, com correrias com a bola pelo campo todo. Marcou alguns golos. Na própria baliza, também.
Os adversários do Benfica, principalmente na televisão, faziam uma permanente campanha contra a dureza de David Luiz, para o condicionarem e para pressionarem os árbitros. Mas não era dureza, nem maldade, era entusiasmo, um grande entusiasmo juvenil. Que às vezes raiava a inconsciência.
O que se passou com ele passou-se com outros e está a passar-se este ano com o Porto. Muitos dos jogadores que fizerem uma época boa queriam sair e aproveitar o êxito de que tinham sido protagonistas para passarem a ganhar muito mais dinheiro noutro clube. É humano – é vida dos profissionais de futebol. Os adeptos não gostam, mas essa atitude não faz sentido. Ao atleta o que tem de se exigir é profissionalismo. Nada mais.
E não é razoável mantê-los à força no clube exigindo o pagamento de cláusulas de rescisão altamente inflacionadas, com montantes muito superiores ao seu real valor.
Claro, consciente ou inconscientemente, o jogador contrariado rende menos. E foi o que se passou com David Luiz na época seguinte. Era uma sombra do jogador do ano anterior. Sem entusiasmo, nem alegria. Mesmo assim o Benfica vendeu-o por bom preço no mercado de Janeiro.
Entretanto, ganhou lugar na selecção do Brasil. Tem jogado com alguma regularidade, mas isso não tem sido suficiente para adquirir maturidade, que indiscutivelmente lhe falta.
Foi para o Chelsea. Mas no Chelsea nunca chegou a ser o que foi no Benfica. Talvez lhe tenha faltado Luisão, ao lado. Talvez lhe tenha faltado Jesus, a gritar com ele durante todo o jogo. Às vezes David Luiz desconcentra-se, parece perdido. Deixado entregue a si próprio parece perder a noção do sentido posicional.
Entretanto, ganhou lugar na selecção do Brasil. Tem jogado com alguma regularidade, mas isso não tem sido suficiente para adquirir maturidade, que indiscutivelmente lhe falta.
Foi para o Chelsea. Mas no Chelsea nunca chegou a ser o que foi no Benfica. Talvez lhe tenha faltado Luisão, ao lado. Talvez lhe tenha faltado Jesus, a gritar com ele durante todo o jogo. Às vezes David Luiz desconcentra-se, parece perdido. Deixado entregue a si próprio parece perder a noção do sentido posicional.
Enfim, talvez um clube inglês não fosse o ideal para ele. Diz-se que a Juventus o quer comprar. E ao que parece o Chelsea nem sequer está a pedir muito. Menos de metade do que ele custou. Nada melhor para ele do que um clube italiano. Lá ensinar-lhe-ão, como em nenhum outro lado, a defender, a defender bem.
Oxalá tenha sorte e ele faça por a ter!